segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Mercenárias - Demo 1983 7" (Nada Nada Discos, 2015)




O selo paulista Nada Nada Discos, especializado em punk rock e mais ainda nas reedições de pepitas do estilo, acaba de mais uma vez arrebentar a boca do balão com o relançamento da fita-demo que o Mercenárias lançou em 1983 num luxuoso compacto com capa especial e com direito a um fanzine de encarte.

A fitinha, obviamente impossível de ser adquirida hoje em dia, contém 8 canções rápidas e intrincadas, com Edgard Scandurra na bateria e a formação clássica das Mercenárias no restante dos instrumentos. O resgate desse material é de suma importância, ainda mais contando com a sempre excelente restauração de áudio do Fernando Sanches do Estúdio Rocha. 




Como se não bastasse ter essas canções prensadas lindamente num compacto 7 polegadas que roda em 45 rotações com a capa feita com um papel especial chamado "telado", de brinde levamos ainda um fanzine copiado em xerox com 16 páginas diagramadas com tesoura & cola no estilo mais clássicos dos zines, contendo textos do Alex Antunes, Edgard Scandurra, as letras, várias fotos, flyers de shows da época, uma história em quadrinhos baseada na clássica canção “Polícia”, imagem da fita original, enfim, um material de tirar o fôlego.




O relançamento ainda teve uma edição especial numa box que continha, dentre várias outras coisas, uma cópia fac-símile da fita original. Essa limitada edição especial infelizmente já está esgotada. Durou apenas um mês pegando diretamente com o Mateus Mondini da Nada Nada Discos. Tive a sorte de conseguir uma e considero esse o item mais valioso que consegui em 2015. Sou fã das Mercenárias, considero essa a melhor banda de rock já surgida do Brasil.

Esse compacto deverá esgotar em breve, portanto caso tenha interesse, favor não pensar duas vezes e adquirir a sua cópia na Locomotiva Discos. É só clicar aqui.

domingo, 30 de agosto de 2015

Grupo Um no Festival Jazz na Fábrica 2015 @ Teatro SESC Pompéia - 20/08/15.























Quando o Grupo Um estava na ativa, fazendo vários shows pela cidade, eu tinha acabado de nascer. Por isso quando soube que a banda iria se reunir para tocar na íntegra o primeiro álbum “Marcha Sobre a Cidade” (lançado em 1979) num show único no Teatro no SESC Pompéia, não pensei duas vezes. Adquiri o ingresso antecipado e comecei a (re)ouvir o disco lançado há 36 anos. 

O meu primeiro contato com esse disco foi em 2002, quando a Editio Princeps, gravadora independente carioca especializada em relançamentos de jazz rock em CD, colocou de volta ao mercado esse magnífico álbum numa edição bastante caprichada, com duas faixas bônus e um encarte com 12 páginas muito bem diagramado, cheio de fotos & textos. Marcou tanto na memória que eu lembro até a loja em que adquiri o CD. Foi na Pops Discos, tradicional loja paulista localizada em Pinheiros. 

Desde então eu passei a “enfrentar” esse disco. Não é uma audição fácil. Sempre quando eu coloco pra tocar, preciso parar tudo que estou fazendo e dedicar um tempo a ouvi-lo com atenção. Até hoje acredito que ainda não consigo entender o disco em sua completude. O show iria servir para eu finalmente ter a inigualável experiência de ver a obra sendo tocada ao vivo. Certamente iria captar muito mais nuances que ainda estavam passando despercebidos enquanto só tinha contato com a obra gravada.

Logo na segunda música do show, também a segunda música do disco, eu fiquei de queixo caído. “Sangue de Negro” é um solo de bateria! Eu nunca tinha percebido isso ao ouvir o disco, mesmo tendo ouvido ele tantas vezes. Passei até a entrar numa séria reflexão do tipo “mas será que eu estou ouvindo os meus discos direito?”. O show prosseguiu e outra coisa me veio à mente, o nome do Hermeto Pascoal. É uma baita influência do Grupo Um. Misturar o jazz intricado e virtuoso com um balanço brasileiro. Os músicos do Grupo Um inclusive tocaram com Hermeto, assim como tocaram com o Egberto Gismonti. 

Ao vivo também pude perceber que Lelo Nazario, no piano eletrônico, é a cabeça que conduz o grupo, talvez intercalando a liderança com o irmão Zé Eduardo Nazario, baterista que na disposição do palco, estava localizado do outro lado, mas de frente ao Lelo. O show foi longo, tocaram também as duas faixas bônus lançadas na reedição no CD de 2002. O espaço para improvisações também é grande e boa parte das canções é estendida ao máximo. Percebe-se que ainda hoje, as canções soam muito atuais. São canções bastante avançadas e contemporâneas.  


No dia seguinte ao show, fui ouvir o disco novamente. É incrível como a audição foi ainda mais prazerosa. O álbum seguiu mais suave e descomplicado do que antes. Também fiquei aliviado ao perceber que realmente é difícil perceber que “Sangue de Negro” é um simples solo de bateria. Na gravação o baterista parece ter uns dez braços! 

A faixa selecionada faz parte dos bônus presentes na reediução em CD. É a faixa "Festa dos Pássaros/C(2)/9-O.74-K.76". O CD “Marcha Sobre a Cidade” do Grupo Um está a venda na Locomotiva Discos e pode ser adquirido aqui.


sábado, 29 de agosto de 2015

Troum & raison d'être, “De Aeris In Sublunaria Influxu” CD (Essence Music, 2015)




Em nossa viagem por Minas Gerais, já passamos por Uberlândia e Araguari. Agora aterrissamos em Juiz de Fora, terra da Essence Music, uma das gravadoras mais incríveis do país. Na ativa desde 1999, lançando sempre um ou dois discos por ano, tudo muito bem feito; com um cuidado especial com a embalagem e dedicada aos sons mais experimentais, a Essence Music nos brinda agora com um álbum do Troum em parceria com raison d’être.

Troum é uma palavra antiga alemã que significa “sonho”. Formada por dois alemães, o Troum tem como objetivo induzir ouvintes a um estado de semiconsciência, hipnotizando os mesmos com uso de sons repetitivos e constantes, também conhecido como drones. Já raison d'être é projeto de um homem só e vem da Suécia. Também navega pelas calmas águas da música ambiente. A parceria de Troum & raison d'être ocorre pela primeira vez e o resultado é o álbum “De Aeris In Sublunaria Influxu”.



Contendo 7 faixas, todas poderiam ser classificadas como sendo o mais puro e delicioso dark ambient. Então é um disco para botar e relaxar. Deitar e dormir, ou acordar e ouvi-lo atentamente, prestando atenção em todos os detalhes que surgem pelo caminho. Obviamente o “dark” do “ambient” indica que esse caminho sonoro sugere paisagens cavernosas, escuras e frias. Certa melancolia paira no ar o tempo todo. A capa do disco mostra o que parece ser um céu nublado e carregado de nuvens densas prontas para desabar. A música por vezes chega a um crescendo aonde momentaneamente parece que tudo vai explodir, mas nada acontece.



Diria que esse é o melhor lançamento da Essence Music até o momento, caso a gravadora já não tivesse lançado tanta coisa boa, como Nadja, Expo Seventy, Acid Mothers Temple, Boris, Suishou No Fune, entre outros. Ao mesmo tempo em que lança esse disco, sai também um CD do Merzbow, que deve figurar no blog em breve. Música instigante e com atenção especial para as capas & encartes, a Essence Music mais uma vez impressiona com Troum & raison d'être.

Compre na Locomotiva Discos, clique aqui.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Lava Divers, "Lava Divers" 10" EP (Sapólio Rádio, 2015)



Rodrigo Lariú, do selo Midsummer Madness, foi quem me indicou o Lava Divers, disse que a banda era muito boa e indicação do Lariú eu confio cegamente, pois desde começo dos anos 90 ele vem me indicando só coisa boa. Fora que o disco em questão havia sido lançado no precisoso formato vinil 10”. Puro charme. Peguei sem pensar duas vezes. Pode mandar!



Quando recebi o mesmo, vi que no EP temos 4 músicas em 45 rotações. Perfeito. Botei para tocar e fui tomado por um indie rock que certamente irá agradar fãs do Stereolab, Strokes e Second Come. Comecei a ler as informações da contra-capa e dei um sorriso quando vi que banda era de Araguari, uma cidade do interior de Minas Gerais. Lembrei que o Jair Naves já batizou um EP com o nome da cidade, já que ele cresceu por ali. Para completar a cena interiorana, Lava Divers foi gravar as músicas em Pirenópolis, uma cidade de Goiás. Fico imaginando os estúdios dessas cidades. O resultado ficou excelente.




Ainda ouvindo e sacando as informações do disco, vi que um dos integrantes é o Glauco Ribeiro e aí eu lembrei que ele é um dos meus amigos de Facebook com os quais de vez em quando troco uma ideia. Ele sempre me envia atualizações dessa cena mineira, ele inclusive já havia tocado em outra guitar band chamada 3VOL, uma vez me enviou pelo correio um CDr. Lembro que achei bacana. Já havia me falado do Lava Divers também, mas não havia associado com a banda que o Lariú me indicou. É tanta informações hoje em dia, fica difícil guardar tudo. Mas a gente tenta.




Esse vídeo é muito bacana. Basicamente mostra uma festa numa casa, que imagino ser uma casa em Araguari, MG. Lá não deve ter muitos lugares para ouvir boa música na companhia de gente legal, mas isso não impede da galera improvisar um show, uma discotecagem, até mesmo um vídeo-clip. Faça você mesmo.

O vinil 10" pode ser adquirido na Locomotiva Discos. Clique aqui.

Agora no fim de 2015 o Lava Divers vai fazer uma série de shows com The Cigarettes (que está com álbum novo na praça, mas somente em mp3). Um desses shows será na Casa do Mancha, cujo evento no Facebook pode ser encontrado aqui

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Warhead, "Speedway" CD (Mausoleum, 1984)



Obscuridade metal oitentista resgatada por um selo mineiro por razões afetivas. O Warhead é uma banda belga que provavelmente iria ser ouvida por muitos poucos brasileiros, caso a Rock Brigade, quando ainda era um fanzine, não tivesse feito uma resenha do álbum de estreia em 84 e disponibilizado o mesmo em K7 para quem quisesse a cópia do disco gravada. Um rapaz de Uberlândia-MG, leitor do fanzine, pegou a fita e ficou maravilhado com o conteúdo, guardando a mesma no decorrer dos anos como um verdadeiro tesouro, já que ninguém conhecia a banda. Até dá para imaginar a cena dos amigos metaleiros reunidos, todo mundo ouvindo Slayer e Metallica e o rapaz saca a fita do bolso e fala “Slayer é bom, mas bom mesmo é o Warhead, conhecem?”.

 

Esse rapaz é Tom Noguera, que agora em 2015 criou o selo Heavy Metal Ball, entrou em contato com a Mausoleum Records, gravadora belga que originalmente lançou o disco, licenciou o mesmo para o Brasil e prensou 500 cópias em CD com direito a capa tripla em digipack. No encarte encontramos um texto do Tom contando toda essa história do “serviço de gravação de fitas por catálogo do fã-clube Rock Brigade”, mostrando que antes mesmo da internet e do mp3 era possível se manter informado e conectado com o verdadeiro espírito underground. E o Warhead, é bom mesmo? É! A banda toca um hard rock rápido e nervoso que descaradamente flerta com o thrash metal que estava surgindo na época.



Warhead, "Devil's Child" (de "Speedway", lançado pela Mausoleum Records em 1984 e relançado pela Heavy Metal Ball em 2015)

Compre o relançamento na Locomotiva Discos, clicando aqui.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A volta do Esquizofrenia Zine.



Criei o blog Lazer Guided Melodies em 2007 para disponibilizar em mp3 discos de minha coleção que estavam fora de catálogo. Foi uma época em que existiam vários blogs do tipo e eu queria dar a minha contribuição. Eu não tinha permissão das bandas e artistas para fazer isso, então eu deixava o blog o mais anônimo possível.  Depois de algum tempo os links dos discos expiraram, sites como o Bandcamp e Soundcloud apareceram e eu deixei de lado o compartilhamento de discos. O blog então deixou de ser tão anônimo e passou a servir de canal para divulgação de atividades em que estava envolvido, como a criação da Locomotiva Discos, os shows do Magic Crayon, as discotecagens e as feiras de discos, além de artigos e entrevistas com artistas que eu admirava. Com o tempo a loja foi se tornando o meu foco principal de trabalho e passei a me dedicar a ela integralmente. O blog foi abandonado nessa época.

O blog Esquizofrenia Zine surge agora por causa da necessidade de divulgar a boa música que chega diariamente na loja. Essa mesma necessidade motivou o surgimento do fanzine na primeira vez, por isso naturalmente o mesmo nome foi resgatado. O Esquizofrenia Zine foi um fanzine impresso que editei de 1993 até 2003. Nesse período, foram lançadas 28 edições. O fanzine teve uma fase on-line no fim da década de 90, antes de surgirem os blogs, numa fase da Internet aonde surgiram vários fanzines eletrônicos (ou abreviadamente os e-zines). Hoje optei pelo formato blog devido a praticidade e rapidez de publicação. Tenho ciência de que hoje em dia os blogs perderam a força. Foram sorvidos pelas redes sociais. A ideia é publicar no blog e esperar que seja compartilhado nas redes sociais. Dessa forma espero promover a boa música que é disponibilizada na Locomotiva Discos.