domingo, 30 de agosto de 2015

Grupo Um no Festival Jazz na Fábrica 2015 @ Teatro SESC Pompéia - 20/08/15.























Quando o Grupo Um estava na ativa, fazendo vários shows pela cidade, eu tinha acabado de nascer. Por isso quando soube que a banda iria se reunir para tocar na íntegra o primeiro álbum “Marcha Sobre a Cidade” (lançado em 1979) num show único no Teatro no SESC Pompéia, não pensei duas vezes. Adquiri o ingresso antecipado e comecei a (re)ouvir o disco lançado há 36 anos. 

O meu primeiro contato com esse disco foi em 2002, quando a Editio Princeps, gravadora independente carioca especializada em relançamentos de jazz rock em CD, colocou de volta ao mercado esse magnífico álbum numa edição bastante caprichada, com duas faixas bônus e um encarte com 12 páginas muito bem diagramado, cheio de fotos & textos. Marcou tanto na memória que eu lembro até a loja em que adquiri o CD. Foi na Pops Discos, tradicional loja paulista localizada em Pinheiros. 

Desde então eu passei a “enfrentar” esse disco. Não é uma audição fácil. Sempre quando eu coloco pra tocar, preciso parar tudo que estou fazendo e dedicar um tempo a ouvi-lo com atenção. Até hoje acredito que ainda não consigo entender o disco em sua completude. O show iria servir para eu finalmente ter a inigualável experiência de ver a obra sendo tocada ao vivo. Certamente iria captar muito mais nuances que ainda estavam passando despercebidos enquanto só tinha contato com a obra gravada.

Logo na segunda música do show, também a segunda música do disco, eu fiquei de queixo caído. “Sangue de Negro” é um solo de bateria! Eu nunca tinha percebido isso ao ouvir o disco, mesmo tendo ouvido ele tantas vezes. Passei até a entrar numa séria reflexão do tipo “mas será que eu estou ouvindo os meus discos direito?”. O show prosseguiu e outra coisa me veio à mente, o nome do Hermeto Pascoal. É uma baita influência do Grupo Um. Misturar o jazz intricado e virtuoso com um balanço brasileiro. Os músicos do Grupo Um inclusive tocaram com Hermeto, assim como tocaram com o Egberto Gismonti. 

Ao vivo também pude perceber que Lelo Nazario, no piano eletrônico, é a cabeça que conduz o grupo, talvez intercalando a liderança com o irmão Zé Eduardo Nazario, baterista que na disposição do palco, estava localizado do outro lado, mas de frente ao Lelo. O show foi longo, tocaram também as duas faixas bônus lançadas na reedição no CD de 2002. O espaço para improvisações também é grande e boa parte das canções é estendida ao máximo. Percebe-se que ainda hoje, as canções soam muito atuais. São canções bastante avançadas e contemporâneas.  


No dia seguinte ao show, fui ouvir o disco novamente. É incrível como a audição foi ainda mais prazerosa. O álbum seguiu mais suave e descomplicado do que antes. Também fiquei aliviado ao perceber que realmente é difícil perceber que “Sangue de Negro” é um simples solo de bateria. Na gravação o baterista parece ter uns dez braços! 

A faixa selecionada faz parte dos bônus presentes na reediução em CD. É a faixa "Festa dos Pássaros/C(2)/9-O.74-K.76". O CD “Marcha Sobre a Cidade” do Grupo Um está a venda na Locomotiva Discos e pode ser adquirido aqui.


Um comentário:

  1. legal o blog, bem bacana parabens a locomotiva discos, isso com certeza ajuda e muito na garimpagem de vinil, livros e outras cositas mas Gilberto e muito massa a loja de vcs

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