Pharmakon é Margaret Chardiet, uma loira que toca uma barulheira
eletrônica que deixa as canções do Einstürzende Neubauten parecendo trilha
sonora da Disney. Exagero a parte, o industrial noise performático da Pharmakon
chama atenção pelo clima destrutivo e gritos agonizantes presentes nos dois
discos lançados até o momento.
A primeira vez que ouvi falar em Pharmakon foi quando o
Ricardo, que trabalha comigo na Locomotiva e toca baixo no Labirinto, me pediu
para encomendar o segundo álbum, “Bestial Burder”, lançado ano passado. O disco
chegou e observei a capa e os encartes, compostos de fotos de órgãos internos
humanos. Uma doença. Quando coloquei pra tocar, depois de alguns minutos, tirei
do som. Eu não estava sozinho e esse é o tipo de música que se ouve sozinho.
Fato é que depois eu ouvi, curti e entreguei o disco pro
Ricardo, que adora esse tipo de coisa. Até que uns meses depois ele me pergunta
se eu lembrava do Pharmakon. Sim, como não? Pois ela iria fazer um show de graça
no Cine Olido, no centro de São Paulo, SP. Perto da Locomotiva
Discos. Cortesia da Brava Etc, produtora e gravadora paulista dedicada aos sons
experimentais.
Chegando ao local, fomos informados que não precisava
retirar ingresso, que a entrada ia ser por ordem de chegada. Mas não tinha
ninguém formando fila, então começamos a nos amontoar perto da porta do
teatro/cinema. Tinha muita gente aguardando. A entrada até que foi tranquila,
considerando a inusitada situação. O local tem capacidade para 230 lugares
sentados. Foram todos os lugares ocupados e umas 50 pessoas tiveram que ficar
em pé nos corredores laterais.
Assim que o show começou, um rapaz que estava na primeira
fileira, exatamente na frente do palco, levanta e fica em pé, atrapalhando a
visão de praticamente todo mundo que estava atrás. Começou uma gritaria e
xingamentos, mas mesmo assim o rapaz ficou em pé, sem dar a mínima. Curioso. O
show começou e Margaret transloucada percorre não só o palco, mas o teatro
inteiro gritando desesperadamente. Enquanto isso a parafernália eletrônica
disparava barulhos industriais na maior altura. Puro caos infernal.
Enquanto tudo isso acontecia, o rapaz em pé na frente do
palco permanecia imóvel, olhando para frente, mesmo quando o palco estava
vazio. Uma atitude tão provocativa quanto a da artista. Mas os xingamentos
continuavam, até que uma garota não aguentou. Ela se levantou do meio da
plateia e foi em direção ao rapaz, atacando-o o mesmo com tapas. A plateia vai
ao delírio, urrando e batendo palmas. Mais pessoas levantam e tiram o rapaz ali
da frente à força e uma confusão começa ao lado do palco. O show não para em nenhum
momento.
Toda essa cena serviu para deixar o espetáculo ainda mais
brilhante. Esse foi um dos melhores shows que eu já vi. A única coisa que
realmente atrapalhou foram as luzes dos celulares e câmeras. Uma imbecil que
estava na minha frente ficou com o braço levantado, segurando uma câmera e
filmando boa parte do show. Atrapalhou bastante a minha visão. Ela inclusive
era uma das que mais xingava o rapaz que estava em pé na frente do palco. Vai
entender.
Coisa linda, Gilberto.
ResponderExcluirFelizasso aqui com a volta do Esquizofrenia!!!!
São órgãos de porco.
Esses tipos de postura, com demonstrações de egoísmo, rebeldia sem causa, intransigência e prazer por violência gratuita, tudo isso eu vi muito em alguns eventos no EC Walden, justamente nos eventos em que parte daquela galera ali estava presente...
Achei o show foda de bom, valeu Brava!! <3