sábado, 5 de setembro de 2015

Pharmakon @ Cine Olido - 04/09/15.

























Pharmakon é Margaret Chardiet, uma loira que toca uma barulheira eletrônica que deixa as canções do Einstürzende Neubauten parecendo trilha sonora da Disney. Exagero a parte, o industrial noise performático da Pharmakon chama atenção pelo clima destrutivo e gritos agonizantes presentes nos dois discos lançados até o momento.

A primeira vez que ouvi falar em Pharmakon foi quando o Ricardo, que trabalha comigo na Locomotiva e toca baixo no Labirinto, me pediu para encomendar o segundo álbum, “Bestial Burder”, lançado ano passado. O disco chegou e observei a capa e os encartes, compostos de fotos de órgãos internos humanos. Uma doença. Quando coloquei pra tocar, depois de alguns minutos, tirei do som. Eu não estava sozinho e esse é o tipo de música que se ouve sozinho.

Fato é que depois eu ouvi, curti e entreguei o disco pro Ricardo, que adora esse tipo de coisa. Até que uns meses depois ele me pergunta se eu lembrava do Pharmakon. Sim, como não? Pois ela iria fazer um show de graça no Cine Olido, no centro de São Paulo, SP. Perto da Locomotiva Discos. Cortesia da Brava Etc, produtora e gravadora paulista dedicada aos sons experimentais.

Chegando ao local, fomos informados que não precisava retirar ingresso, que a entrada ia ser por ordem de chegada. Mas não tinha ninguém formando fila, então começamos a nos amontoar perto da porta do teatro/cinema. Tinha muita gente aguardando. A entrada até que foi tranquila, considerando a inusitada situação. O local tem capacidade para 230 lugares sentados. Foram todos os lugares ocupados e umas 50 pessoas tiveram que ficar em pé nos corredores laterais.

Assim que o show começou, um rapaz que estava na primeira fileira, exatamente na frente do palco, levanta e fica em pé, atrapalhando a visão de praticamente todo mundo que estava atrás. Começou uma gritaria e xingamentos, mas mesmo assim o rapaz ficou em pé, sem dar a mínima. Curioso. O show começou e Margaret transloucada percorre não só o palco, mas o teatro inteiro gritando desesperadamente. Enquanto isso a parafernália eletrônica disparava barulhos industriais na maior altura. Puro caos infernal.

Enquanto tudo isso acontecia, o rapaz em pé na frente do palco permanecia imóvel, olhando para frente, mesmo quando o palco estava vazio. Uma atitude tão provocativa quanto a da artista. Mas os xingamentos continuavam, até que uma garota não aguentou. Ela se levantou do meio da plateia e foi em direção ao rapaz, atacando-o o mesmo com tapas. A plateia vai ao delírio, urrando e batendo palmas. Mais pessoas levantam e tiram o rapaz ali da frente à força e uma confusão começa ao lado do palco. O show não para em nenhum momento.

Toda essa cena serviu para deixar o espetáculo ainda mais brilhante. Esse foi um dos melhores shows que eu já vi. A única coisa que realmente atrapalhou foram as luzes dos celulares e câmeras. Uma imbecil que estava na minha frente ficou com o braço levantado, segurando uma câmera e filmando boa parte do show. Atrapalhou bastante a minha visão. Ela inclusive era uma das que mais xingava o rapaz que estava em pé na frente do palco. Vai entender. 

























Você pode encomendar o LP "Bestial Burden" da Pharmakon na Locomotiva Discos clicando aqui.



Um comentário:

  1. Coisa linda, Gilberto.
    Felizasso aqui com a volta do Esquizofrenia!!!!

    São órgãos de porco.

    Esses tipos de postura, com demonstrações de egoísmo, rebeldia sem causa, intransigência e prazer por violência gratuita, tudo isso eu vi muito em alguns eventos no EC Walden, justamente nos eventos em que parte daquela galera ali estava presente...

    Achei o show foda de bom, valeu Brava!! <3

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